No ano de 1956 , Warwick Kerr foi à África estudar a produção de mel do continente, para mais tarde aplicar seus conhecimentos ao Brasil. Quando retornou, trouxe 141 rainhas africanas (da espécie Apis mellifera scutellata, altamente produtiva e agressiva), das quais 51 sobreviveram. Rainhas e operárias foram postas em quarentena em uma floresta de eucalipto de Camaquã (SP), para que apenas as menos agressivas fossem escolhidas.
As colméias eram fechadas por uma malha que permitia a passagem de operárias, mas não de rainhas. Como as abelhas estavam mostrando boa atividade, acreditou que retirar as malhas não causaria problema.
Trinta abelhas enxamearam—se reproduziram—e os pesquisadores perderam o controle sobre elas. Com o incidente, pessoas foram picadas (alguns casos levaram a óbito) e muitos apicultores abandonaram a atividade de criação, o que fez a produção de mel cair. Kerr foi responsabilizado.
A partir daí, o cientista se dedicou a estudar a genética da produção e da agressividade dessas abelhas. Com apoio dos pesquisadores daUSP, criou a abelha africanizada, um híbrido das espécies européias (comum no Brasil) e africana.
Além de mais mansa e bastante produtiva, a africanizada se mostrou resistente à varroa (praga que destrói colméias) e permitiu aos apicultores produzir o mel orgânico, onde não é necessário o uso de agrotóxicos.
Depois disso, Kerr passou a ser reconhecido por pesquisadores e respeitado pelos apicultores.